Na sociedade contemporânea, o uso das geotecnologias tem sido cada vez mais difundido em aplicações diversas. Por definição, geotecnologias são caracterizadas pelo conjunto de tecnologias destinadas à coleta, processamento, análise e disponibilização de informações geográficas. Basicamente, elas são obtidas através do uso de soluções por hardware, software e peopleware, os quais constituem mecanismos poderosos na tomada de decisão. Nesse post aqui do Gis Brasil iremos comentar um pouco sobre como as geotecnologias são importantes.
As principais geotecnologias englobam os Sistemas de Informação Geográfica (GIS), a cartografia digital, o Sistema de Posicionamento Global (GPS), o sensoriamento remoto por satélites, a topografia georefenciada, dentre outras tecnologias menos conhecidas, como aerofotogrametria e geodésia.
De forma mais específica, existem quatro diferentes categorias que envolvem as geotecnologias no que se refere ao tratamento da informação espacial, sendo elas:
- Técnicas relacionadas à coleta de informação espacial, a exemplo do sensoriamento remoto, GPS, levantamento de dados numéricos e cartografia;
- Técnicas referentes ao armazenamento adequado da informação espacial, como os bancos de dados;
- Técnicas utilizadas no tratamento e análise da informação espacial obtida, como geoestatística, modelagem de dados, aritmética lógica, funções topológicas e redes, dentre outras;
- Técnicas para uso integrado da informação espacial, como os sistemas AM/FM (Automated Mapping/Facilities Management), o sistema de informação geográfica (GIS), dentre outros.
As geotecnologias têm ampla aplicação, sendo elas comumente empregadas em áreas como o agronegócio, meio ambiente, gestão municipal, setores de energia elétrica e telecomunicações, serviços públicos de saneamento básico e educação. Na verdade, estima-se que aproximadamente 80% dos serviços realizados em uma prefeitura municipal sejam dependentes de dados acerca da localização para a tomada de decisões relacionadas ao planejamento urbano, tornando neste caso imprescindível o uso das geotecnologias que relacionam o mapa da cidade ao banco de dados. Um exemplo prático é que, através das geotecnologias, é possível mapear a ocorrência de endemias e atuar de forma direta no local onde ocorrem, elevando a taxa de sucesso da tomada de ação, ou ainda por permitirem a localização de escolas e endereços de potenciais alunos, por exemplo.
Além disso, as geotecnologias são também responsáveis por relacionar as redes de distribuição de serviços como energia elétrica, telecomunicações e saneamento às informações diversas provenientes dos bancos de dados disponíveis. São elas que permitem o mapeamento e a administração de regiões distantes e de amplo espaço, como a Amazônia. De fato, geotecnologias de sensoriamento remoto, cujos dados são obtidos por imagens de satélites e radares, têm sido intensivamente utilizadas para esta finalidade, visando o monitoramento do meio ambiente.
É possível notar a relevância das geotecnologias em nosso cotidiano, uma vez que as informações geoespaciais são responsáveis por gerar localização de forma precisa, orientar melhor rotas e viagens, predizer o horário dos transportes públicos por meio de aplicativos, e mapear variáveis essenciais ao sucesso de um negócio, como predizer onde estão potenciais clientes e fornecedores, e determinar quem são os concorrentes, levando as empresas a atuarem de forma assertiva com base em informações reais.
No ramo da atividade agropecuária, a qual é responsável por cerca de um quinto do Produto Interno Bruto nacional de acordo com estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), as geotecnologias têm sido cada vez mais utilizadas e consolidadas como ferramentas em trabalhos de gestão estratégica, monitoramento territorial e estudos de inteligência. As informações geoespaciais são de fundamental importância em atividades de planejamento, monitoramento e administração da agricultura, seja em escala local, regional ou nacional. Imagens de satélite e mapas digitais, por exemplo, podem ser aplicados em etapas de planejamento e manejo de recursos disponíveis, e na condução de políticas públicas.
Em relação a tal aplicação, vale ressaltar que procedimentos diversos podem ser utilizados com o intuito de detectar, identificar, cartografar, além de quantificar e qualificar as áreas agrícolas, a gestão dos recursos naturais e a sua dinâmica temporal de forma efetiva, ágil e rápida. Dados obtidos por meio de mapas, imagens de satélite e bancos geocodificados são instrumentos largamente empregados para gerir e cartografar atividades de agricultura em escalas diversas, para acompanhar e prever safras, e possibilita um planejamento mais eficaz quanto ao uso do solo, na detecção de pragas e na gestão de bacias hidrográficas.
Por outro lado, o mapeamento em território nacional brasileiro ainda é desatualizado, o que faz com que seu uso não atinja os objetivos para os quais foram determinados. A informática e os novos processos tecnológicos foram responsáveis pelo avanço das metodologias de confecção de mapas e pela atualização cartográfica, culminando no surgimento do mapeamento digital, da disseminação do uso dos Sistemas de Posicionamento Global (GPS), dos Sistemas de Informação Geográfica e do tratamento digital de imagens. Na realidade, a atualização cartográfica através da utilização de imagens orbitais vem passando por inovações e atualizações, tornando a qualidade da resolução espacial bastante superior, sendo esta obtida por meio de sensores multiespectrais de alta tecnologia, além de reduzir os custos e favorecer a agilidade do processo.
Outra geotecnologia já amplamente difundida passível de ser destacada é o Sistema GPS. Caracterizado como um sistema de radio-navegação baseado em satélites, o GPS foi desenvolvido após a Segunda Guerra Mundial, momento este em que foi necessário explorar um método que garantisse dados de posicionamento precisos e absolutos. Após inúmeros testes e metodologias aplicadas, que permitiam estimar a posição, mas não demonstravam precisão ou funcionalidade adequadas, o Departamento de Defesa americano por fim propôs o uso do Sistema GPS. Atualmente, ele segue sendo controlado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, e seus fundamentos consistem na estimativa da distância entre um ponto, denominado receptor, e outros pontos de referência, determinados pelos satélites. O sistema GPS possibilita que todo e qualquer usuário saiba a localização, o tempo e a velocidade, ao longo das 24 horas todos os dias, independente da condição atmosférica local e diante de qualquer ponto do globo terrestre.
Por fim, conclui-se que atualmente a maior atuação das geotecnologias no Brasil se dá em aplicações direcionadas à gestão municipal, ao meio ambiente, à agricultura e agronegócio, aos serviços públicos e ao planejamento estratégico de negócios. Neste sentido, o âmbito público e privado se favorecem da agilidade e precisão concedidas através das geotecnologias, fato este que possibilita maior assertividade e busca por melhores soluções em menor tempo.